O coordenador do InfoGripe, pesquisador Marcelo Gomes, ressalta que o ritmo de crescimento dos casos de SRAG associados à Covid-19 é menos alarmantes que em períodos anteriores.
“Em todos esses estados, ainda é algo bastante diferente do que a gente observou nos ciclos anteriores de retomada do crescimento da Covid-19. É um processo, até o momento, mais lento, aparentemente. O impacto é menor em termos de internações, mas está presente. Não é algo ainda espalhado em todo o território nacional, mas fica o alerta.”
O levantamento também mostra que, diferente do que foi observado em agosto, há um sinal de interrupção na tendência de crescimento de novos casos de SRAG associados ao rinovírus em crianças e pré-adolescentes, na maioria dos estados. Alguns, inclusive, já apresentam queda, mas ainda há estados no Nordeste com aumento de rinovírus, nas faixas etárias de 2 a 15 anos.
Situação Nacional
Em nível nacional, já foram notificados 133.786 casos de SRAG desde o início do ano epidemiológico de 2023, sendo: 51.517 (38,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 67.046 (50,1%) negativos, e ao menos 8.057 (6,0%) estão aguardando resultado.
Dentre os casos positivos das últimas 4 semanas, 2,9% são de Influenza A; 0,9% de Influenza B; 13,3% de vírus sincicial respiratório; e 35,6% de SARS-CoV-2 (Covid-19). No mesmo período do ano passado, 5,9% dos casos positivos de SRAG estavam associados à Influenza A; 0,4% a Influenza B; 6,7% ao vírus sincicial respiratório; e 63% à Covid-19, segundo os dados da semana epidemiológica 36 de 2022.
O doutor Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que esses vírus respiratórios têm maior predominância entre os meses de março e julho. “Mas depois da pandemia, houve uma alteração nesse período de sazonalidade — e a presença desses vírus acaba sendo fora de época também”.
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SRAG
A Síndrome Respiratória Aguda Grave é um estado clínico de desconforto respiratório com prejuízo à oxigenação do paciente. Normalmente, ela é provocada pelo processo de infecção por vírus — como Influenza A e B, vírus sincicial respiratório, SARS-CoV-2 (Covid-19) —, ou por bactérias, fungos e outros agentes.
O doutor Marcelo Otsuka explica que os principais sintomas são falta de ar, desconforto ao respirar, sensação de compressão torácica. Em casos extremos, o paciente pode sofrer de hipóxia, que é o déficit de oxigênio no organismo, podendo ser fatal.
Segundo ele, o tratamento deve considerar dois suportes importantes: o imediato para garantir a vida do paciente e o terapêutico para combater o agente infeccioso.
“O primeiro é o suporte de vida, ou seja, se o paciente tem uma queda na oxigenação, ele precisa repor o oxigênio. Se ele tem uma obstrução das vias aéreas por conta desse processo infeccioso, ele precisa eventualmente de fisioterapia e suporte ventilatório. O outro aspecto é o terapêutico, que depende do agente. Quando falamos de infecções bacterianas, o tratamento é feito com antibióticos. Quando nós falamos de vírus, como por exemplo a Influenza, em geral, a gente usa o Oseltamivir.”
A principal forma de prevenção é a vacinação, explica o doutor Marcelo Otsuka.
“A prevenção da Síndrome Respiratória Aguda Grave é feita principalmente quando nós falamos de vacinação. Tanto a vacinação para infecções bacterianas, como por exemplo pneumococo, hemófilos, bem como a vacinação para Influenza, para Covid-19. O segundo ponto chave é a higienização e o distanciamento de pessoas que têm um quadro respiratório.”
Em caso de sintomas, o pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes recomenda o repouso, o distanciamento social e o uso de máscaras.
“Quem estiver com sintoma de infecção respiratória — está tossindo, espirrando, com a garganta incomodada —, a recomendação é: faça repouso, fique em casa. Se puder, busque o posto de saúde para fazer um exame, inclusive para ter um acompanhamento médico adequado. Agora se por algum motivo não puder fazer o repouso, use uma boa máscara. Está indo a uma unidade de saúde: bota uma boa máscara, porque isso vai ajudar a diminuir o risco de acabar contraindo o vírus respiratório na unidade de saúde.”
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